Olá amigos,
O artigo dessa semana trás um
pouco da obra de um grande intelectual latino-americano. Tenho certeza que
vocês irão gostar e continuar as pesquisas sobre Octavio Paz.

ÁGUA NOTURNA
A noite de olhos de cavalo que tremem na noite
a noite de olhos de água no campo adormecido,
está nos teus olhos de cavalo que treme,
está nos teus olhos de água secreta.
Olhos de água de sombra,
olhos de água de fonte,
olhos de água de sonho.
O silêncio e a solidão,
como dois animais pequenos que a lua guia,
bebem nesses olhos,
bebem nessas águas.
Se abres os olhos,
abre-se a noite de portas de musgo,
abre-se o reino secreto da água
que emana do centro da noite.
E se os fechas,
um rio, uma corrente doce e silenciosa,
inunda-te por dentro, avança, torna-te obscuro:
a noite molha margens na tua alma.

VIDA ENTREVISTA
Relâmpagos ou peixes
na noite do mar
e pássaros, relâmpagos
na noite do bosque.
Os ossos são relâmpagos
na noite do corpo.
Ó mundo, tudo é noite
e a vida um relâmpago.

A CHAMA, A FALA
Num poema leio:
“conversar é divino.“
Porém, os deuses não falam:
Fazem e desfazem mundos
enquanto os homens falam.
Os deuses, sem palavras,
jogam jogos terríveis.
O espírito desce
e desata as línguas,
porém não fala palavras:
fala lume. A linguagem,
pelos deuses acesa,
é uma profecia
de chamas e uma torre
de fumo e um colapso
de sílabas queimadas:
cinza sem sentido.
A palavra do homem
é filha da morte.
Falamos porque somos
mortais: as palavras
não são signos, são anos.
Ao dizer o que dizem,
os nomes que dizemos,
dizem tempo: dizem-nos.
Somos nomes do tempo.
Mudos também os mortos
pronunciam as palavras
que nós, os vivos, dizemos.
A linguagem é a casa
de todos, a casa suspensa
no flanco do abismo.
Conversar é humano.

PEDRA
NATIVA
A
luz devasta as alturas
Manadas
de impérios derrotados
O
olho retrocede cercado de reflexos
Vastas
terras como a insónia
Pedregais
de osso
Outono
sem fronteiras
A
sede ergue os seus fontanários invisíveis
Uma
última pirú prega no deserto
Fecha
os olhos e ouve o cântico da luz:
O
meio-dia aninha-se no teu ouvido
Fecha
os olhos e abre-os:
Não
existe nada nem sequer tu mesmo
O
que não é pedra é luz
![]() |
Indico esse livro - É sensacional |
COLINA DOS ASTROS
Aqui os antigos bebiam o fogo
Aqui o fogo inventava o mundo
Ao meio dia
As pedras abrem-se como frutos
A água abre as pestanas
E a luz desliza pela pele do dia
Gota imensa onde o tempo se espelha
E
sacia
Biografia de Octávio Paz
Octávio Paz (1914-1998) foi poeta e pensador mexicano. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1990. Foi ensaísta, tradutor e diplomata. Foi durante muitos anos, uma das personalidades mais influentes na vida cultural da América Latina.
Octávio Paz (1914-1998) nasceu na Cidade do México, no dia 31 de março de 1914. Durante sua infância, morou com a família nos Estados Unidos. De volta ao México, estudou Direito na Universidade Autônoma do México. Começou a escrever desde a adolescência, convivendo com as maiores expressões da poesia hispânica.
Em 1933, Octávio Paz publica seu primeiro livro "Luna Silvestre". Em 1945, ingressa no serviço diplomático do México. Morou na Espanha, em Paris, no Japão e na Índia. Além de diplomata, destacou-se como poeta e por todo seu trabalho de ensaísta, crítico literário, agitador cultural e polemista político.
Em 1950, o poeta escreveu "O Labirinto da Solidão", uma investigação histórico-antropológica sobre seu país, que se tornou uma obra clássica. Em 1956, publicou "O Arco e a Lira", um ensaio lírico a respeito da poesia, de sua origem e natureza.
Seu primeiro grande poema, de dez páginas, "Pedra e Sol", escrito em 1957, recebe elogios quase unanimes da crítica. O poema consiste numa extensa meditação poética, com temas que acompanharam o poeta durante sua trajetória: a memória e a história, o amor e o erotismo, o contraste entre o Ocidente e o Oriente e a essência da criação.
Otaviano Paz Losano faleceu na Cidade do México, no dia 19 de abril de 1998.
FONTE: www.ebiografia.com/octavio_paz/
MUITA LUZ
DO AMIGO
MARCELO LAMBERT
Nenhum comentário:
Postar um comentário